Desenho com poesia

Antes de começarem a desenhar, os participantes ouviram duas histórias/poemas escritos pelo João Baptista, que também aproveitou para falar um pouco de sua infância na roça, em Miracema. Ele contou como as coisas que aprendeu sobre a cultura caipira e seu amor pela natureza foram importantes mais tarde, para sua vida profissional como jornalista no Rio.

Só pra dar uma idéia, aí vai uma das histórias/poemas do João, contada durante o evento. Faz parte do livro Árvores mágicas, pássaros encantados.

Lágrimas da Natureza

Uma tarde, enquanto
cuidava da horta no
quintal de minha casa,
Tiana, neta de puri
me falou de uma lenda
sobre a origem do tiê-sangue,
que tem as penas do corpo
vermelhas como o fogo.
Era mais ou menos assim:
“Um dia, por capricho
só para mostrar seu domínio,
seu poder sobre a natureza,
o branco incendiou a floresta.
As chamas logo escalaram
as copas das árvores.
E do alto de uma dessas
gigantes em cujos veios
correm óleos sagrados
(seria uma copaíba?)
caiu uma gota incandescente,
que parou no tronco
tostado de um jequitibá.
E quando tudo apagou
o que era uma lágrima
de dor tomou a forma de
um pássaro. Era a natureza
lapidando uma jóia alada
para tingir as cinzas de
vermelho. E, assim, recriar
a alegria, a beleza, a cor.”

(João Baptista de Freitas)